Muita coisa aconteceu de 27 de novembro até hoje. Muita coisa mudou. De tudo, resta reconhecer que perdi um tantão de referência. Enquanto ela estava aqui, mesmo que eu não assumisse, havia muito de vontade de lhe deixar orgulhosa. Ela conhecia meus sucessos e até desconfiava dos meus fracassos, mas nunca fazia destes grande alarde. Agora tem um vazio que, sete meses depois, ainda não consegui preencher. Como eu disse, a referência se foi. E faço uma força danada para cumprir o corolário do “lhe deixar orgulhosa onde quer que ela esteja”, mas é difícil. Muito difícil.
Ainda não demos destinos às suas coisas. Seu armário continua arrumado. A casa, os móveis, e todas as quinquilharias, ainda do jeitinho que ela deixou. Todas as fotos de quem ela prezava ainda estão lá, penduradas na moldura da bandeira do Flamengo na parede. Tesourinhos de Dalvinha que ninguém se atreveu a mexer ainda. Assim como as redes sociais. Desde dezembro eu empurro com a barriga a transformação de seus perfis internet a fora em memoriais e nunca o fiz. Covardia.
A saudade ainda é absurdamente desoladora. Um aperto que não se explica e aparentemente nunca vai diminuir. Já sonhei inúmeras vezes com ela e dizem que isso é sinal de que ela está bem. Hoje se fecha um ciclo. Depois do primeiro Natal, Réveillon, Dias das Mães e do meu primeiro aniversário (ela fazia questão de ser sempre a primeira a me falar no meu aniversário e ficava danada quando não conseguia) hoje passo o primeiro aniversário dela sem a sua presença. Dói.
A vida seguiu sem sua presença física. Nunca mais nenhuma seresta, Carlos Alberto, Altemar Dutra, Ângela Maria ou Nelson Gonçalves. Nunca mais a lasanha de frango com molho branco ou a preocupação de não passar perfume por causa de sua alergia. Nunca mais indiretas para comida japonesa ou o biquinho que fazia para disfarçar quando dava uma bola fora. Nunca mais o caloroso beijo e o abraço demorado acompanhados de um “meu tesouro” ou “minha rainha” ao chegar… Agora só tenho o arrependimento por não ter dado mais e melhor atenção a tudo isso antes.
A dor até diminuiu, mas o amor ainda é forte e incondicional. E saudade. Muita saudade.
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