Nunca neguei que sou aficcionada por conectividade e completamente viciada nos produtos Google. Assim, enquanto não consegui um telefone com Android, eu não sosseguei. Em junho ganhei um Dext da minha operadora. Como sempre optei por adquirir o celular na operadora para evitar problemas de suporte e etc e como eles não tinham o Milestone para oferecer, descartei a compra deste no varejo, pesquisei a aceitação do Dext e levei o aparelho alegre e sorridente para casa.
Consegui configurar e me familiarizar com praticamente todos os recursos do aparelho. Não sei se o mérito disso é do aparelho ou do Android. Estava feliz da vida até que o telefone travou com menos de um mês de uso. Desligava, ligava, tirava bateria, religava e nada de sair da tela inicial. Obviamente que na operadora não identificaram o problema. Entrei em contato com a Motorola via chat e o atendente também não soube dizer do que se tratava. Eu teria que levá-lo a uma Autorizada. Acontece que não tem Autorizada na minha cidade. Eles tem apenas um “posto de coleta” onde eu deveria deixar o aparelho para que, depois de alguns dias, ele finalmente chegasse à autorizada e fosse então analisado. Ou seja, previsão de 15 dias sem telefone.
Fui para a internet e descobri que outros proprietários tiveram o mesmo problema e resolveram com um boot no celular. Ele voltaria zerado – com as configurações de fábrica – mas, considerando que ele também voltaria assim da autorizada e que o MotoBlur prometia ter backup ao menos dos meus contatos, resolvi encarar o procedimento. Lindo! Problema resolvido e aplicativos reinstalados. Um mês depois ele travou novamente. Refiz o tal boot e zerei novamente o aparelho. Novamente entrei em contato via chat com a Motorola e perguntei sobre a atualização ao menos para a versão 1.6 já defasada, pois achava que assim talvez esses travamentos poderiam ser resolvidos. Nada. Se eu tentar atualizar pelo próprio aparelho, a resposta é que não há atualização a ser feita. Já estava bem insatisfeita com 2 boots em 2 meses de uso e a insuficiente versão 1.5 quando a Motorola resolveu me esbofetear³ dizendo que eu, latino-americana, não era uma cliente que eles queriam preservar: anunciaram que nenhum aparelho Milestone, Dext ou Backflip no Brasil receberia o upgrade para a versão 2.2 do Android (sequer citaram o Quench).
A explicação da empresa foi que não havia interesse dos usuários na atualização. Ou seja eu, que sou sempre alpha user, que não economizo em aparelhos desde que o celular virou artigo de uso pessoal e que aprendi procedimentos que nem o suporte a online da Motorola é capaz de realizar remotamente, não teria interesse no upgrade? Francamente. Após vários protestos em blogs, Orkut, Facebook, Twitter e notícias da mídia tradicional, a Motorola resolveu rever a decisão, mas apenas para o Milestone. Nem o Dext nem o Backflip teriam hardware que suportariam a nova versão e mesmo assim não receberão nem mesmo a 2.1 (em janeiro a Motorola havia dito na CES que esse mesmo upgrade do Dext aconteceria “o mais cedo possível”²). O curioso é que a atualização do Dext para a versão 2.1 nos EUA, Canadá e na Ásia está ao menos sendo avaliada. Não me chame de burra, Sr. Edson Bortolli¹.
Eu já tive um Motorola antes da geração GSM. Não fedia nem cheirava. Foi clonado e devidamente substituído pela operadora do celular. Mas eu via tanta gente reclamando tanto, que eu fiquei bastante cabreira em relação aos aparelhos da Motorola e acabava sempre descartando o fabricante das minhas escolhas. Achei que a chegada do Android e os lancamentos do Dext e do Milestone seriam uma redenção da marca. Ledo engano. Com 3 meses de Dext estou decidida a trocar imediatamente de aparelho. Continuarei com o Android mas nunca mais compro Motorola. Errar uma vez é engano. Duas é burrice.
(¹) Diretor de produtos móveis da Motorola Brasil
(²) Existe um Tutorial no Gizmodo para quem quiser arricar a atualização não-oficial e, no caso da Claro, perdendo o 3G.
(³) A notícia inicial chegou até mim pelo Blog do The Best.
A imagem usada no post vem do twitter @motoFAIL_BR
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