Em tempos de apatia social como o que estamos vivendo ultimamente, acredito que o melhor remédio é falar de coisas boas, nesse caso, falar de gente que faz. Assim, nada melhor do que falar do Clube de Castores.
Em 1963 (muito antes de “voluntariado” tornar-se palavra corriqueira), o professor José Gilberto Ribeiro Ratto, percebendo a disposição de seus alunos e a necessidade de engajamento social juvenil junto à comunidade, estimulou a adesão de seus alunos no Colégio Stafford, em São Paulo, ao que ele denominou CAmpanhas STaffordianas ORganizadas. Começou despretensiosamente, com atividades humanitárias simples em um hospital perto o colégio. O sucesso da empreitada social e o interesse dos alunos em repetir o evento fez o professor decidir-se pelo estímulo à continuidade. O grupo foi apadrinhado pelo Lions Clube São Paulo – Jardim Paulista, do qual o Prof. Ratto fazia parte e, no ano seguinte, em convenção nacional, os Lions Clubes brasileiros oficializaram o movimento juvenil organizado que nós conhecemos como Clube de Castores.
Desde então, crianças e jovens brasileiros de 12 a 27 anos passaram a dedicar parte de seu tempo livre trabalhando em benefício da comunidade, atuando desinteressadamente em suas próprias vizinhanças. As campanhas acontecem muitas vezes em asilos, orfanatos, comunidades carentes, hospitais e escolas públicas. Trabalham também em campanhas pela cidadania e pela pátria, assim como contra o tabagismo, drogas, violência e evasão escolar. Jovens Castores participaram, por exemplo, de várias edições da Feira da Providência no Rio de Janeiro e, no ano passado, foram os encarregados pela administração do bazar beneficente de fim de ano promovido pelo programa Mais Você, da apresentadora Ana Maria Braga. Por traz de cada uma destas atividades, encontramos o desenvolvimento pleno de habilidades como planejamento, organização, liderança, negociação e muito bom senso. Além de tudo isso, e pra ficar melhor ainda, a convivência constante estimula a formação de laços de amizade que, ouso dizer, duram para sempre, à despeito da distância.
O brasileiro é um povo solidário? Sem dúvida! Mas na prática, em tempos em que o tempo é cada vez mais raro, é mais fácil dar dinheiro para alguma instituição que se disponha a fazer filantropia e dormir com a consciência tranqüila de que fizemos nossa parte. Quando a maioria esmagadora dos adolescentes está envolvida por suas próprias rotinas entre shoppings, games e internet, os sócios do Clube de Castores mantêm viva a solidariedade ativa. Aquela solidariedade que é preciso ter muita vontade, doando seu tempo e seu suor para fazer acontecer. É a solidariedade em sua forma mais simples – pura e aplicada – que só aqueles que têm coragem suficiente para abrir mão de algum interesse pessoal podem praticar.
Por que tudo isso hoje? Porque começou ontem a 34ª Convenção Nacional de Clubes de Castores. Ela acontece até domingo na cidade de Barra do Piraí, Rio de Janeiro, reunindo os sócios de todo o Brasil. Amanhã à noite estarei por lá. Tirando o chapéu para a garotada que mantém vivo e atuante o Movimento Castorístico no Brasil e matando as saudades de amigos muito, muito queridos. Sem dúvida, vai ser um fim de semana inesquecível.
Aos Castores, minha singela homenagem:
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