Fecho meus olhos e sinto seu cheiro e sinto seu gosto e ouço sua voz baixinha em meu ouvido
E quando eu os abro, não há ninguém além da lembrança da outra noite
E isso dói
É isso
Tem momentos que vejo um mundo inteiro nos seus olhos e no segundo seguinte uma neblina infinita
Porque você o esconde de mim e você se esconde de mim e some, instantaneamente, ainda que presente
E me olha mas não vê, fazendo-me transparente sem querer, eu sei, mas eu percebo o olhar distante
E como dói
É isso
Queria parar de chorar e ser feliz com o que temos e lhe ver como você me vê
Queria ter coragem
Aquela coragem quase insana necessária pra lhe falar o que sinto
Dividir o meu aperto e abrir o meu peito e expor minha jugular
Mas só de pensar em pegar seu rosto com minhas mãos e lhe obrigar me ver do jeito que quero…
E eu já lhe vejo abaixando o rosto e virando-se de costas e partindo e indo embora devagar e decididamente e não sei se posso lidar com isso
Porque isso dói
É isso
Hoje só me sinto uma idiota que percorre essas fatídigas quatro ruas pra se perder novamente
Que procura numa migalha a droga pra se enganar e que muda suas resoluções como lhe convém para conseguir conviver com essa dor
Ô inferno ingênuo esse que em seu emaranhado de rabiscos me enclausura mesmo sem saber!
E pior, do qual eu não consigo sequer saber se quero me libertar…
É isso
1 comment on “A ultima angústia que não passa”